Especialistas explicam os efeitos no vinho tinto, quando servido em temperaturas baixas
O vinho tinto é mal compreendido. Um dos equívocos mais comuns é que, diferentemente dos brancos, os tintos são mais bem servidos à temperatura ambiente. Isso não só não é verdade para todos (a maioria) dos vinhos tintos, como algumas variedades são realmente melhor servidas com um leve refrigeramento. Isso os torna perfeitos para tomar um gole no verão. Os especialistas concordam que os vinhos tintos refrigerados são uma obrigação ao lado de seus brancos e rosés de clima quente.
“Estamos acostumados a servir muitos tintos levemente refrigerados”, conta Paola Embry, diretora de vinhos premiada na Wrigley Mansion, em Phoenix, que observa que ela tem visto um interesse crescente em vinhos tintos servidos em uma temperatura mais baixa.
Muitos profissionais de vinho creditam esse interesse, em parte, aos estilos de tintos que estão aumentando em popularidade. “Nos últimos anos, os consumidores têm procurado estilos de tintos com menos álcool e mais leves, que são o estilo perfeito para relaxar um pouco”, explica Jon McDaniel, proprietário e CEO da Second City Soil, com sede em Chicago. “O crescimento do interesse aqui também é sobre querer apreciar o vinho individualmente, algo fresco e refrescante.”
Michael Kennedy, Certified Sommelier e fundador da Component Wine Company, concorda. “Eu diria que, em geral, a cultura do vinho em nosso país está subindo rapidamente e com isso trazendo um novo interesse em vinhos que não são da Cabernet nem da Chardonnay”, diz ele. “Os sommeliers sempre gostaram de tintos leves como o Beaujolais com um resfriamento, mas com mais jovens entrando no vinho, a tendência está se acelerando.”
Então, como o frio afeta o sabor? “Um vinho servido acima de 19 graus terá um impacto na estrutura geral do vinho, como ácido, álcool e sabores. Isso suavizará a estrutura do vinho e o álcool se tornará significativamente mais visível ”, diz Embry. “No entanto, se você resfriar o mesmo vinho de 12 a 15 graus, os sabores serão focados, o álcool não será tão evidente e a estrutura será mais rígida.”
Embry continua: “Lembre-se de que, se o mesmo vinho tinto fosse servido abaixo de 12 graus, o vinho teria um efeito completamente oposto ao seu paladar. Você não seria capaz de perceber tanto o álcool. Os aromas e sabores do vinho pareceriam mais moderados, o vinho pareceria mais apertado e os taninos pareceriam muito mais adstringentes na boca.”
Quanto às variedades e tipos de vinho, você deve procurar tintos mais claros. “De um modo geral, quanto mais leve o vinho, mais resfriado, mas geralmente não ao ponto de congelar. Esses vinhos, diferentemente dos tintos mais pesados, não são tão apreciados por suas complexidades e nuances de sabor, mas por sua natureza refrescante e brilhante”, ressalta Richard Vayda, diretor de estudos de vinhos do Instituto de Educação Culinária.
Às vezes, os vinhos que são um pouco mais frutíferos podem se perder se o vinho for servido muito quente, pois o álcool vai passar, aponta McDaniel. “Pense em relaxar com o vinho como se estivesse tocando seu aparelho de som. Se você quer ouvir a banda inteira, mas a guitarra principal – o álcool – é muito alta e estridente, resfrie rapidamente para ouvir todos os instrumentos”, explica ele.
Kennedy incentiva a brincar com o frio em todos os tintos. “Quase nenhum vinho tinto se beneficia da temperatura ambiente”, afirma ele. “O vinho se torna desleixado, alcoólico e desenvolve aromas pegajosos – pense em frutas maduras – mesmo em regiões de clima frio”.
A melhor maneira de refrigerar e encontrar a temperatura certa, ensina Vayda, é com um balde de gelo. “Basta ter um balde com um leve banho de gelo à mão e provar o vinho e ajustar o frio até que ele se adapte.” E todos os especialistas mencionados concordam: trata-se de preferência pessoal. “Não há certo ou errado – basta encontrar o que você gosta”, diz Vayda.
Fonte: Vinepair
